quarta-feira, 18 de maio de 2011

Passos Coelho, Novas Oportunidades e Eu.

Retirado do JN:

O líder do PSD anunciou esta segunda-feira que irá pedir uma auditoria externa ao programa Novas Oportunidades e prometeu reformulá-lo para que ele sirva realmente quem precisa de uma segunda oportunidade.
"Vamos pedir uma auditoria externa ao programa Novas Oportunidades e deveremos reformulá-lo de modo a que ele possa servir realmente aqueles que precisam de uma segunda oportunidade", afirmou o líder social-democrata, Pedro Passos Coelho, durante um almoço de pré-campanha com professores em Vila Franca de Xira.
Classificando a forma como o programa tem sido desenvolvido como "um escândalo", Passos Coelho precisou não ter nada contra as Novas Oportunidades nem discordar da ideia de dar "uma segunda ou terceira oportunidade" às pessoas.
Aliás, recordou, o "embrião" do programa foi desenvolvido pelo antigo ministro da Educação do PSD David Justino.
Contudo, acrescentou o líder social-democrata, dar oportunidades às pessoas não pode ser "uma mega encenação paga a peso de ouro", pois isso terá custos.
"Foi uma mega produção mais não fez do que estar a atribuir um crédito e uma credenciação à ignorância e isso não serve a ninguém", criticou, insistindo na ideia que o programa tem de "ser uma verdadeira oportunidade".

Que o Passos Coelho não quer que Sócrates tenha "Novas Oportunidades" para destruir o país, já se tinha percebido. O Coelhinho quer agora a oportunidade dele para provar que não é só o PS que pode e sabe fazer cócó.
O facto é que Passos pôs o dedo na ferida quando disse publicamente aquilo que MUITA gente pensa das Novas Oportunidades mas não quer dizer por poder ferir susceptibilidades.
Eu acompanhei muita gente que integrou e integra este programa e, sem generalizar, tenho que concordar com o líder do PSD.

As pessoas que aproveitaram este programa e a formação para se reciclar profissionalmente e fazer o 9º ou 12º ano aprendendo uma profissão enquanto estão no desemprego, por exemplo, acabam por sair valorizadas pois fazem um curso que tem uma duração mínima média de 12 a 16 meses, em que aprendem (entre outras coisas) uma língua estrangeira, matemática, informática e recebem formação técnica numa determinada área. No entanto, o processo de RVCC é, na maioria dos casos, uma fraude. Podiam ter sido poupados muitos recursos se tivessemos alinhado os candidatos a RVCC e simplesmente tivessemos dado os diplomas indiscriminadamente.
Alguém me explica que conhecimentos adquire uma pessoa que em 3 meses ( 3  M E S E S ) vai a um CNO 2 ou 3 vezes por semana falar com uma pessoa e escreve uma espécie de auto-biografia?
Pode aprender alguma coisa... Pode! Mas não o suficiente para merecer um diploma do 9º ano.

No fundo, este programa, vem na linha de uma filosofia que é a do português: facilitismo máximo. Temos baixos índices de escolaridade? Pois dêem-se diplomas... Afinal o do próprio 1º Ministro demissionário parece ter sido tirado também ele numa espécie de RVCC do ensino superior, em que lhe bastou desenhar duas casas no Paint para ter o diploma de Engenheiro. Eu mal sei abrir o AutoCad e sou mais Engenheiro do que ele.

O conceito é bom e o programa tem enormes possibilidades. Já vi vidas de pessoas mudarem completamente devido à sua experiência nos cursos e sinto-me feliz por ter feito parte dessa evolução. Mas é preciso mudar a maneira como se encara tudo isto. Há sítios onde todos têm que passar no fim do curso por causa dos subsídios! Por causa da estatística! É isto que está errado. É por isso que nós somos um país da treta.
Há escolas a passar ADMINISTRATIVAMENTE os alunos que os professores/formadores chumbam no fim do curso por não terem atingido os objectivos! E não estou a falar só de centros de formação, falo de escolas públicas também.
Não é o projecto em sí que é mal feito, é a forma como ele é gerido. Os avaliadores, professores e/ou formadores devem ser exigentes ao máximo para formar com qualidade e as próprias direcções dos Centros devem ter a liberdade para apresentar os seus números sem serem depois subsidiados em função do número de aprovações, mas sim pela qualidade dos seus serviços.

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