segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Crónica de um tipo que não percebe nada de nada

Quando lerem este texto, as eleições já terão passado, as escolhas já estarão feitas e digeridas. No entanto, este texto foi escrito antes das eleições. Este facto pode ser importante para a compreensão do que se segue.


Ir duas vezes às urnas em menos de 4 semanas faz-me perceber o que é a democracia. Faz-nos sentir interventivos. Faz-nos sentir úteis.

E sem dúvida que para muitos portugueses, ter um motivo para pavonear o fato novo em frente do resto da aldeia é uma grande forma de começar o dia!

Mas o acto eleitoral é mesmo democrático?

Vale a pena votar?

A minha resposta à primeira pergunta é “não” e à segunda é “claro que sim”.

Votar é um dever, mas principalmente é uma das poucas armas legais que o povo ainda tem para protestar contra o poder, seja ele local ou central. Mas essa arma só é realmente poderosa se for usada com mestria.

O descontentamento com o sistema não pode ser manifestado com atitudes de desinteresse. É com o nosso voto que o devemos demonstrar. É por isso que se deve sempre ir votar. Vote no partido do Zé ou no da Manela, vote branco, faça um desenho sobre aquilo que pensa do sistema no boletim de voto, rasgue o voto na cara das pessoas que estão na mesa, faça aquilo que entender para demonstrar a sua ira, mas faça alguma coisa.

Na altura que isto aparecer no meu blogue ou nas páginas de um jornal (se não for censurado), já teremos um novo Presidente da Câmara, as guerrinhas estúpidas do povo por um órgão fantoche como a junta de freguesia terão acabado, e todos nós teremos voltado às nossas vidinhas, com uma sensação de falsa liberdade e com os media a colocarem outros temas na ordem do dia para nos distrair daquilo que é realmente importante.

Não tenham dúvidas. Seja lá quem for que tenhamos eleito nestas últimas semanas, não vai trazer nenhuma mudança. As mudanças embandeiradas em arco não vêm aí. 80% das hipóteses nos boletins de voto, são patrocinadas exactamente pelas mesmas pessoas e vão trabalhar para essas pessoas.

Neste sistema, as eleições existem para nos dar um actor novo, mas os homens por detrás do pano são sempre os mesmos e são eles que controlam todas as acções.

Infelizmente, a eleição mais importante para nós (o povo), não se realizou em Portugal e não fomos nós a fazer as cruzinhas.

No inicio do mês, a Irlanda referendou a constituição europeia. A Irlanda aceitou o tratado de Lisboa deitando assim por terra a última esperança que havia de tornar a Europa num só estado.

Os Irlandeses (que ao contrário de nós tiveram o direito a escolher) aceitaram um tratado que nunca leram e nem nunca vão ler, porque ele foi projectado para que a sua leitura seja difícil e a sua compreensão impossível.

Agora, os restantes países da união irão aceitar o tratado. Uma constituição que se vai sobrepor às constituições de cada um dos países, unindo a Europa aproximando-a de um estado único (os Estados Unidos da Europa), fazendo-nos (ainda mais) escravos de Bruxelas. Se o Euro nos fez escravos do Banco Central Europeu, este tratado faz-nos escravos de Bruxelas.

E em breve vai ser este o Mundo em que vamos viver. Um mundo global com o poder centralizado numa elite, que controla tudo e todos. E se queremos mudança essa mudança não vem das politicas que acabamos de premiar com o nosso voto.

A mudança vem de nós. Cada um de nós pode ser mudança, pela maneira como é perante a sociedade e pela maneira como não aceita como certo aquilo que lhe alimentam todos os dias pela TV.

A mudança somos nós. Estas políticas, estes tratados estão a levar-nos para um caminho que não é o mais claro. Uma nova ordem mundial, corrupta e controladora, onde não haverá liberdade. Há muitas pessoas por trás “das cortinas” a controlar o espectáculo.

Façam perguntas. Exijam respostas. A última coisa que a classe política e financeira quer é um público esclarecido e informado.


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