Não é possível ficar indiferente a este texto do Baptista-Bastos no Diário de Notícias.
Fica a transcrição.
"Era um velho decente, formal e limpo. E havia nele memórias, sofrimento e
grandeza. Olhou em volta. Nem a sombra de um remorso nem aquele limite denso e
excessivo que a idade costuma expor. Olhou em volta e talvez estivesse a
lembrar-se dos vendedores de esponjas de antigamente, que ofereciam o produto na
praça da Constituição; ou das tavernas com parreiras, na Plaka, sob as quais
comera queijo de cabra e bebera resinato, nos longos dias de calor. E de
mulheres com quem dançara, pelas festas perdidas para sempre.
Passara por muitas coisas de infortúnio e por algumas alegrias selvagens e
dispersas. Transfigurada de ventos e de silêncios, a cidade fora invadida pelos
nazis, envolvendo de medo e atrocidades o chão sagrado dos deuses, dos poetas e
dos filósofos.
Atravessara o luto criado pelos coronéis, com a consciência de que a
adversidade era fruto da falta de bondade e de compaixão, aparentemente
inexplicável. Fora preso por querer ser livre. Conhecera as rudezas do
desemprego, e os ténues acenos de uma esperança obstinada. Depois, como se a
sociedade precisasse de um mundo de compensações, haviam-lhe reduzido o
ordenado, e aumentado tudo o que pertencia aos domínios da sobrevivência
estrita. Mais tarde, extorquiram-lhe os subsídios e limitaram-lhe os proventos
de uma reforma escassa.
Suportou as gradações da infelicidade, porque aprendera que a infelicidade
nunca é lisa, e dispunha sempre de diferentes medidas de circunstância. Chegara,
assim, ali: àquele plaino com relvado, de onde se divisava o que desejasse ser
divisado. E descobrira, exausto e triste, de que pouquíssimas vezes o tinham
deixado ser feliz e livre.
Soltou um grito. Como se quisesse desabafar a dor insuportável que sobre ele
tombara, lhe vergara os ombros e lhe ferira o mais secreto da sua fé. As coisas
são como são, diziam. Mas ele não queria que as coisas fossem como queriam que
elas fossem.
A partir de certa altura, decidira manter uma atitude respeitosa e marginal.
Nem mesmo assim obtivera paz e sossego. A verdade é que um homem está sempre
ligado ao seu passado. O aparente apaziguamento interior não domesticara a ira,
a cólera e a indignação que sentia, sobretudo quando a sua terra deixara de ser
a lenda e a história e fora transformada numa litografia imbecil.
Quando gritou, gritou para aqueles que o não ouviam ou não desejavam ouvir.
Assaltara-o o medo de ter, num futuro próximo, de esgaravatar nos caixotes de
lixo, em busca de comida. E de deixar aos filhos e aos netos o peso de dívidas e
a impossibilidade de as pagar. Sentou-se na relva. Ninguém o olhou. Há muito que
as pessoas não se cruzavam: trespassavam-se.
Gritou: eles não respeitam nada nem ninguém!
E disparou o revólver na cabeça.
Dimitris Christoulas, 77 anos, reformado, grego. Nosso irmão."
Só acabei de ver a Wrestlemania deste ano ontem.
Fiquei um bocado desiludido com o evento, já que alguns dos confrontos acabaram por não ser tão espectaculares como podiam ter sido. O caso do embate entre Sheamus e Daniel Bryam é chocante e acho que quem teve a ideia de fazer o combate assim devia ser açoitado com um chicote 10000 vezes.
Para além disso eu sou (e serei) muito crítico do que se faz todos os anos com o Undertaker. O homem tem enormes dificuldades em mexer-se e, embora seja e será sempre o ícone sem precedentes, já passou o auge e talvez seja a hora de sair. Aquele combate da brigada do reumático foi penoso e ainda que tenha tido momentos bons, foi muito parado para o meu gosto...
Por fim, tive muita pena de que, no combate principal, anunciado ao longo de 1 ano, entre o Rock e o Cena tenha ganho o Rock. Não gosto do Cena, mas o facto é que ele merece o respeito dos fãs por estar sempre em acção 7 noites por semana o ano todo. Goste-se dele ou não, acho que é preciso respeitar isso.
No lugar dele não sei o que faria se me "mandassem" perder contra o menino bonito que aparece uma vez de meio em meio ano para buscar um saco de dinheiro... Fica a minha homenagem ao John.
Foi das Wrestlemanias menos estimulantes que já vi.
Depois do meu post anterior que pode ser visto clicando aqui, fiz algumas alterações à Mini-Oliveira no sentido de fazer dela um dia um bonsai.
Por isso podei-a e cortei um dos 3 ramos que saiam da base. Ainda assim , como diz um amigo meu, parece uma batata a sair da terra :). O trabalho continua!
Noutra divisão da casa, começaram a dar sinais de vida algumas das sementes que pus na terra há umas semanas. No caso concreto foram as de Acer Rubrum e Picea Glauca.
Picea
Acer
Nas fotos abaixo mostro alguns aspectos do meu Buxus Harlandii